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Mudar de país

Nasci numa aldeia pequena onde as casas se contam pelos dedos das mãos e onde todos os meninos iam à mesma escola da cidade. Nunca me senti de lá mas a verdade é que sempre fui… E talvez só os anos me ensinaram a dar valor à paz do campo que corri sem medos e angustias.

Com 15 anos os meus pais deixaram-me voar! Não nasci num berço de ouro mas nasci num berço que sempre colocou as filhas antes dos pais. E quando numa noite disse à minha mãe que queria estudar Teatro na capital, ela “não me cortou as pernas”. Apanhava o comboio para Lisboa, a grande cidade, todas as semanas. E, apesar de isto hoje parecer a coisa mais banal do mundo, em 2007 não era.

Aquela aventura abriu-me os olhos mas também me fez sentir: aos olhos dos outros, a menina da província; aos olhos dos meus, a menina sem juízo que ia para Lisboa sozinha.

Em 2009, quando me instalei finalmente em Lisboa. A minha capital já não era a desconhecida do passado, mas eu também já não era a mesma menina de 15 anos. Lisboa deu-me pouco. Eu não sabia o que procurava (ainda hoje não sei) mas aquela mudança de Pombal – Lisboa soube-me a pouco. Só um ano depois quando voei para os Estados Unidos pela primeira vez é que percebi que talvez o meu lugar não fosse em Lisboa (pelo menos, não naquele momento). – Obviamente que uma pessoa só percebe isto 10 anos depois porque na época eu era mesmo a louca insatisfeita que não sabia o que queria.

Mudar para Paris foi a melhor coisa que me aconteceu. Mudar de país deixou-me literalmente ser EU plenamente, com as aprendizagens anterior, algumas mágoas mas também experiências. Mudar de país significou começar do zero; Começar sem preconceitos; Começar sem passados de diz-que-disse e sem pessoas. Alguns dizem que precisamos de morrer para alcançarmos outra vida, eu acredito que mudar de país é quase isso.

Hoje estou prestes a embarcar numa nova aventura (mais uma). Aquela que é construir numa pessoa nova, uma casa nova, uma família nova, longe de tudo e todos.

Se estou com medo? MUITOOO. Há dias em que a ansiedade não me deixa dormir. Há dias onde os sonhos e devaneios tomam contam das minhas horas. Mas só eu sei que é isto que me faz viver. Esta adrenalina, esta novidade, esta mudança constante… Porque não há melhor coisa do que sonhar e correr atrás dos nossos sonhos.

Depois de França, da Austrália, venham os Estados Unidos. Porque como diria uma senhora que conheci num bar em Punta del Este, Uruguai “tu não queres perder nada”… Se é para viver, então que seja à séria.

Beijinho,

Daniela